Política racial, existe sim!

Paro para refletir em relação a tudo que está acontecendo em nosso país, fico estática ao ver que estamos realmente sós. Se a população de forma genérica está entregue a um governo baseado em mentiras e relações Inter- judiciais e politicas totalmente descreditadas, o que irá sobrar para nosso povo afrodescendente? Como iremos construir nossa história religiosa em meio a este caos? São tantas dúvidas e perguntas que fico em estado de alerta total, sem poder saber o que irá acontecer a seguir. Aqui no Sul ainda podemos entregar nossos ebós, tocar para nosso santo, mas até quando. Estamos rodeados de oportunistas, e acima de tudo o índice de racismo ainda continua em alta. Não conseguimos eleger um dos nossos, enquanto as igrejas evangélicas estão cada vez mais fortes e presentes, nos congressos em cargos cada vez mais vantajosos politicamente falando. Isso nos enfraquece cada vez mais e mais, nosso povo religioso está sem voz política, está à mercê da intolerância dos nossos governantes, nada está sendo feito, nada está restando para nós. Nossos anciões estão se indo sem deixar um legado histórico, nos fazendo tornar cada vez anônimos em pleno século 21. Sinto a força da chibata moralmente falando, sinto entre grilhões, onde a escrava Anastácia é o símbolo mais claro deste momento tão caótico e cruel para com os nossos.  Até quando iremos aceitar nos calarem, sem nos dar territorialidade. Estamos perdendo nossa identidade, a qual nossos ancestrais tanto lutaram, em senzalas sujas, precárias, onde o abuso sexual era apenas o início de uma grande batalha contra nossa dignidade.
Pela primeira vez na história do Brasil, o censo indicou que a população negra e parda é a maioria no país: 50,7% de um total de 190.732.694 pessoas. O Censo 2010 revelou que a maior parte da população negra se concentra no Norte e Nordeste do país e sofre a maior taxa de analfabetismo na faixa etária acima dos 15 anos (entre 24,7% e 27,1%).
A pesquisa mostrou que a desigualdade de renda continua bastante acentuada em todo o país, com ricos ganhando 42 vezes mais que pobres. Metade da população brasileira vive com até R$ 375 por mês, valor inferior ao salário mínimo (na época R$ 510). Das 16,2 milhões de pessoas vivendo na pobreza extrema (cerca de 8,5% da população), com renda igual ou menor a R$ 70 por mês, 70,8% são negras.
(fonte): pt.globalvoices.org/2011/11/24/brasil-censo-população-negra/

Se entendermos o parágrafo citado acima, conseguimos entender o quanto somos fortes se quisermos. As vezes penso que o problema está em um trauma genético passado de geração para geração, onde meus irmãos sempre acabam trabalhando em subempregos, em um processo de passividade que me assombra. Precisamos mudar isso o mais rápido possível, pois é claro que o genocídio no país já acontece, claro, de forma velada, mas estão nos levando a morte lenta e gradual, quando nos tiram nossa principal fonte de energia, nossa religião, nossa fé, nosso credo, nossos tambores, estamos deixando o capitão da mata voltar e açoitar-nos com o pior dos chicotes, o chicote da opressão! Somos sim o folclore, o turismo, o samba puro, a Bahia de todos os santos, enriquecemos os cofres públicos com nosso talento. Sem ser nos dado o credito devido, e sim fabricas de crianças começando nas favelas e acabando nos presídios. Nem uma pequena porcentagem deste suor trazido pelos negros africanos e direcionado para estudos, oficinas, creches. Continuamos presos em um país laico? Ou somos apenas atração de um circo montado por nossos senhores, onde só eles ganham e nós negros e afrodescendentes ficam com o credito sempre devedor.

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