Origem das religiões Afros no Sul do País
Primeiramente precisamos entender as diferenças que ocorreram com o
passar dos anos, inclusive desde a época da escravatura, berço de nossa
religião africana.
Quando os escravos vieram para o Brasil foram pulverizados pelo país e
cada grupo montou sua forma de trabalho e culto a religião. Aqui no Sul nossa
religião africana é bem distinta das demais do país, com características, procedimentos
e liturgias bem peculiares. Nosso dialeto africano foi fragmentado e mesclado
com a vinda das várias tribos para o Sul, Oyó, Gêgê, Nagô, Yjexá e Cabinda, a
qual eu pertenço. Nossa religião mesclou e se adequou as varias necessidades que
se fazia importante na época, pois como não tínhamos territorialidade, fomos
obrigados a planejar nossas casas e transformá-las em terreiro de santo e
moradia, somente sendo cultuado do lado de fora o Orixá Exú, dono da rua e
guardião do Ylê, e o Egbalé, casa de Egun, situada nos fundos do terreiro, para
culto a ancestralidade. Nós de Cabinda começamos nosso ritual, pelos fundos
(Egun), somos os únicos a fazer este procedimento aqui no Sul. É fácil entender
que a junção de conhecimentos tribais se fez importante nas senzalas, com isso
as várias formas de se cultuar os Orixás.
No nosso estado, não raspamos ou
catulamos e nem praticamos as escoriações, mais conhecida pelo nome catular, nome
este que fica difícil entender em sua profundidade, pois vem do nome catulo (pessoa
humilde que conhece somente a natureza),alguns acreditam que o raspar a cabeça
se devia ao fato dos cabelos africanos serem impenetráveis e de difícil acesso
ao Ori ou centro da cabeça (moleira), pois o Yjé(sangue) não penetrava através
dos cabelos, para facilitar se raspava a cabeça e se abria as curas(escoriações)cortes
feitos no meio da cabeça com uma espécie de navalha ,própria para este ritual. Pois entendemos não ser preciso este tipo de
ritual, até mesmo pelo fato de que muitos eram feitos de forma as escondidas e
para evitar chamar atenção da população empregatícia e social se evitava tal
forma de ligação com Orixá. Também devido a grande descendência europeia, tudo
conspirava contra todas as tradições de ordem e matriz africana.
Nós diferentemente dos demais
estados do país, usamos a sineta e imagens católicas em nosso altar, preservando
a não visibilidade aos nossos Orixás e trazendo o que foi ensinado nas senzalas
para dentro de nossos terreiros. Somos segundo Pierre Verger a tribo que mais
cultua o lado primitivo da África, cultos e ocultismos. Flexibilizamo-nos e
compreendemos que era mais importante cultuar do que levantar a bandeira dos
nossos direitos, buscamos nos mesclar ao catolicismo do que entrar em embates
que só iria nos desgastar e nos levar a mais decadência moral e religiosa,
mesmo assim enfrentamos com a ditadura, amargas e cruéis chagas em nossos Ylês.
Procuramos fazer nossa religião sem expor nossa fé, na integra conseguimos
preservar o que existe de mais antigo, dentro do que nos foi passado, axés,
ebós, rituais de defesa e outras praticas extremamente sigilosas aos leigos.
Todo o iniciado tem que começar pelo batismo, depois bori de pombos, bori
de aves e assim sendo pronto o ori para receber o bori de 4 pés(cabrito, ovelha,
carneiro e porco) de acordo com seu orixá. Só cultuamos um único Orixá no ori não
se divide a cabeça ao meio e não podemos ter dois pais governando o mesmo Elêdá,
pai na cabeça e mãe no corpo ou vice versa e nas pernas o terceiro Orixá e o
exú nos pés, sempre. Estes são alguns dos princípios básicos de nossa religião
aqui no Sul, deixo para todos nossos leitores o meu agradecimento por dedicarem
este tempo cada vez mais precioso a esta leitura.
Estarei em São Paulo nos dias 24/25/26 de julho para maiores
esclarecimentos e para possíveis consultas, pelos fones 51-95565758 e
11-22565760 com Regiane.
Meu E-mail Adrianedeoxala@gmail.com Facebook: Casa de Oxalá e/ou Axe em Debate, meu fone em Porto Alegre, 51-33924693/33982287
com Vivian Ou Micaela. Desde já meus agradecimentos Mãe Moça de Oxalá.
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