Batuque Religião Afro-brasileira de culto aos Orixás
Batuque
é uma Religião Afro-brasileira de culto aos Orixás encontrada principalmente no
estado do Rio Grande do Sul, Brasil, de onde se estendeu para os países vizinhos
tais como Uruguai e Argentina.
Batuque
é fruto de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria, com as nações
Jêje, Ijexá, Oyó, Cabinda e Nagô.
A
estruturação do Batuque no estado do Rio Grande do Sul deu-se no inicio do
século XIX, entre os anos de 1833 e 1859 (Correa, 1988 a:69). Tudo indica que os
primeiros terreiros foram fundados na região de Rio Grande e Pelotas. Tem-se
notícias, em jornais desta região, matérias sobre cultos de origem africana
datadas de abril de 1878, (jornal do comércio, Pelotas). Já em Porto Alegre, as
noticias relativas ao Batuque, datam da segunda metade do século XIX, quando
ocorreu a migração de escravos e ex-escravos da região de pelotas e Rio Grande
para Capital.
Os
rituais do Batuque seguem fundamentos, principalmente das raízes da nação Ijexá,
proveniente da Nigéria, e dá lastro as outras nações como o Jêje do Daomé, hoje
Benim, Cabinda (enclave Angolano) e Oyó, também, da região da Nigéria. O Batuque
surgiu como diversas religiões afro-brasileiras praticadas no Brasil, tem as
suas raízes na África, tendo sido criado e adaptado pelos negros no tempo da
escravidão. Um dos principais fundadores do Batuque foi o Príncipe Custódio de
Xapanã. O nome batuque era dado pelos brancos, sendo que os negros o chamavam de
Pará. É da Junção de todas estas nações que se originou esta cultura conhecida
como Batuque, e os nomes mais expressivos da antiguidade, que de uma maneira ou
de outra contribuíram para a continuidade dos rituais foram:
Ijexá
— Paulino de Oxalá Efan, Maria Antonia de Assis (Mãe Antonia de Bará), Manoel
Matias (Pai Manoelzinho de Xapanã), e Pai Idalino de Ogum entre outros.
Oyó — Mãe Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Mãe Moça de Oxum e Tim de Ogum, entre outros.
Jêje — Mãe Chininha de Xangô, Príncipe Custódio de Xapanã, João Correa de Lima (Joãozinho de Bará) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina.
Cabinda — Waldemar Antônio dos Santos de Xangô Kamuká; Maria Madalena Aurélio da Silva de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, entre outros.
As entidades cultuadas são as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos tem rituais e rezas muito parecidos, as diferenças entre as nações é basicamente em respeito as tradições próprias de cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas. O Ijexá é atualmente a nação predominante, encontra-se associado aos rituais de todas nações.
Oyó — Mãe Andrezza Ferreira da Silva, Pai Antoninho da Oxum, Mãe Moça de Oxum e Tim de Ogum, entre outros.
Jêje — Mãe Chininha de Xangô, Príncipe Custódio de Xapanã, João Correa de Lima (Joãozinho de Bará) responsável pela expansão do Batuque no Uruguai e Argentina.
Cabinda — Waldemar Antônio dos Santos de Xangô Kamuká; Maria Madalena Aurélio da Silva de Oxum, Palmira Torres de Oxum, Pai Henrique de Oxum, entre outros.
As entidades cultuadas são as mesmas em quase todos terreiros, os assentamentos tem rituais e rezas muito parecidos, as diferenças entre as nações é basicamente em respeito as tradições próprias de cada raiz ancestral, como no preparo de alimentos e oferendas sagradas. O Ijexá é atualmente a nação predominante, encontra-se associado aos rituais de todas nações.
O
batuque é uma religião onde se cultuam vários Orixás, oriundos de várias partes
da África, e suas forças estão em parte dentro dos terreiros, onde permanecem
seus assentamentos e na maior parte na natureza: rios, lagos, matas, mar,
pedreiras, cachoeiras etc., onde também invocamos as vibrações de nossos
Orixás.
Todo
ser humano nasce sob a influencia de um Orixá, e em sua vida terá as vibrações e
a proteção deste Orixá que está naturalmente vinculado e rege seu destino, com
características individuais, em que o Orixá exige sua dedicação, onde este
poderá ser um simples colaborador nos cultos, ou até mesmo se tornar um
Babalorixá ou Yalorixá.
Há uma questão de ordem etmológica no Termo Pará, onde afirma-se ser este o outro nome pelo qual é conhecido o Batuque, ora sabe-se que todo frequentador de Terreiros chama na verdade o Peji ou quarto-de-santo de Pará e não o ritual sagrado dos Orixás, este sim o Batuque. Esta questão já está dimensionada desde os anos 50, nas pesquisas etnográficas de Roger Bastide sobre a Religião Africana no Rio Grande do Sul. São consideradas Religiões Afro-Brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas religiões africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.
Há uma questão de ordem etmológica no Termo Pará, onde afirma-se ser este o outro nome pelo qual é conhecido o Batuque, ora sabe-se que todo frequentador de Terreiros chama na verdade o Peji ou quarto-de-santo de Pará e não o ritual sagrado dos Orixás, este sim o Batuque. Esta questão já está dimensionada desde os anos 50, nas pesquisas etnográficas de Roger Bastide sobre a Religião Africana no Rio Grande do Sul. São consideradas Religiões Afro-Brasileiras, todas as religiões que tiveram origem nas religiões africanas, que foram trazidas para o Brasil pelos escravos.
Batuque
Candomblé Catimbó Culto aos Egungun Culto de Ifá Jurema sagrada Quibanda Macumba
Tambor-de-Mina Umbanda Xangô do Nordeste Xambá As Religiões Afro-Brasileiras são
relacionadas com a Religião Yorubá e outras Religiões africanas, e diferentes
das Religiões Afro-Caribenhas como a Santeria e o Vodu.
Roupas
da cor dos Orixás e fios de contasO culto, no Batuque, é feito exclusivamente
aos Orixás, sendo o Bará o primeiro a ser homenageado antes de qualquer outro, e
encontra-se seu assentamento em todos os terreiros, no Candomblé o chamam de
Exú.
Entre
os Orixás não há hierarquia, um não é mais importante do que o outro, eles
simplesmente se completam cada um com determinadas funções dentro do culto. Os
principais Orixás cultuados são: Bará, Ogum, Oiá-Iansã, Xangô, Ibeji (que tem
seu ritual ligado ao culto de Xangô e Oxum), Odé, Otim, Oba, Ossain, Xapanã,
Oxum, Iemanjá, Oxalá e Orunmilá (ligado ao culto de Oxalá).
E
há também divindades que nem todas nações cultuam como: Exú Elegbara, Gama
(ligada ao culto de Xapanã), Zína, Zambirá e Xanguín (qualidade rara de Bará)
que só os mais antigos tem conhecimentos suficientes para fazer seus
rituais.
No
Rio grande do Sul a área de conservação das religiões africanas vai de Viamão à
fronteira do Uruguai, com os dois grandes centros de Pelotas e de Porto
Alegre.
No
batuque, os templos terreiros são quase que em sua totalidade vinculados as
casas de moradia. É destinado um cômodo, geralmente na parte da frente da
construção onde são colocados os assentamentos dos Orixás. Neste local são
feitos todos os fundamentos de matanças e trabalhos determinados, oferendas para
os Orixás, e o local é considerado sagrado, pessoas vestidas de preto, mulheres
em dias de menstruação não entram. Junto à esta parte da casa, chamada de quarto
de Santo ou Peji, há o salão onde são realizadas as festas para os orixás.
O
estado do Rio Grande do Sul foi o maior responsável pela exportação dos rituais
africanos para outros países da América do Sul, entre eles Uruguai e Argentina,
que também procuram seguir a maneira de cultuar os Orixás; e a construção dos
templos seguem exemplos dos seus sacerdotes.
01.
Serão ou Corte aos Orixás
A
Religião Africanista é em seus fundamentos voltada para o passado, mantém até
hoje ensinamentos e preceitos, desde o tempo mais remoto, do negro na África e
chegou até nós através dos escravos. Sobreviveu a todos os períodos de opressão
e perseguição. Daí a enorme importância da obrigação de corte aos Orixás, pois é
a preservação da cultura que ao mesmo tempo em que ofertava certos sacrifícios
aos Orixás alimentava seu povo com a carne do sagrado. Depois adiantando na
linha do tempo, entramos nas casas comuns e nos terreiros em que os animais
andavam soltos no pátio e serviam para a subsistência familiar, ainda não
existia as facilidades que hoje são disponíveis nos supermercados.
Há
a crença de que a balança não pode ser aberta, isto é, as pessoas devem
permanecer de mãos dadas até que se inicie o alujá, caso a balança arrebente
algo de grave pode acontecer a um dos participantes da balança, podendo até ser
a morte. Mas caso haja alguma ameaça de arrebentar a Balança Axé dos Presentes
enquanto são saudados pelos presentes. Depois os bolos são servidos aos
convidados e o excedente é distribuído juntamente com os mercados. São de
costume também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou
Yalorixá por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais
comuns são: flores, perfumes, doces, utensílios que podem ser usados no
dia-a-dia do Ilê, etc. É neste momento o Babalorixá ou o próprio Orixá apresenta
á todos os presentes recebidos. Levantação , limpá-las e guardá-las nas
prateleiras dentro do Quarto-de-santo. Mantendo um costume desde o tempo dos
escravos Passeio Saindo do Ilê vão até o centro da cidade visitar lugares de
grande significado para a comunidade.
O
serão ocorre geralmente na quinta-feira á noite, começa entorno dás 20:00 horas
e estende-se muitas vezes até a madrugada, das obrigações de bori e de apronte
que serão feitas.
No serão são imolados animais quadrúpedes (aos quais chamamos vulgarmente de quatro-pés) e de aves. As oferendas feitas aos Orixás são de origem animal assim como vegetal (folhas, plantas, grãos) e mineral: os ocutás, a água, etc. Os animais são ofertados os Orixás com o intuito de fortalecer o axé do Orixá assim como a mente e espírito do filho-de-santo através do axorô (sangue do animal) e das inhélas, certas partes dos animais que serão fritas e arriadas no Quarto-de-santo (cabeça, pés, testículo no caso dos quatro-pés e cabeça, pés, pontas das asas, do pescoço e da sambiqueira, pulmões e testículos das aves).
No serão são imolados animais quadrúpedes (aos quais chamamos vulgarmente de quatro-pés) e de aves. As oferendas feitas aos Orixás são de origem animal assim como vegetal (folhas, plantas, grãos) e mineral: os ocutás, a água, etc. Os animais são ofertados os Orixás com o intuito de fortalecer o axé do Orixá assim como a mente e espírito do filho-de-santo através do axorô (sangue do animal) e das inhélas, certas partes dos animais que serão fritas e arriadas no Quarto-de-santo (cabeça, pés, testículo no caso dos quatro-pés e cabeça, pés, pontas das asas, do pescoço e da sambiqueira, pulmões e testículos das aves).
A
carne dos animais imolados serão preparados em forma de canja, de amalá,
assados, enfarinhados e consumido pelo povo durante o período de obrigação e
pelas pessoas que comparecerem ao toque, Batuque. Os couros retirados dos
animais, depois de preparados são utilizados na confecção dos tambores,
instrumentos tocados durante o Batuque. Nada é desperdiçado, por exemplo, no Ilê
Centro Africano Reino de Oxum Pandá é grande o número de animais imolados,
devido ao grande número de filhos que o Ilê tem, quando não é consumida a
totalidade de carne e de comida preparada, o restante é doada a entidades
carentes nas proximidades do Ilê.
02. Preparação do Toque
02. Preparação do Toque
No
dia posterior ao corte, permanecem alguns filhos-de-santo no Ilê para preparem
em todos os detalhes o toque que irá acontecer no sábado. As principais
atividades acontecem na cozinha, considerada a parte mais importante do Ilê,
depois do Quarto-de-santo. É necessário que um filho-de-santo, mais experiente e
de extrema confiança do Babalorixá auxilie na organização de tudo que deve ser
feito, pois os afazeres são muitos e o tempo escasso.
Além
de todas as comidas-de-santo, devem ser feitas comidas tradicionalmente sagradas
e significativas que serão servidas ás visitas que são esperadas mais tarde no
toque.
Com
as aves preparam-se: canja, galinha assada, galinha enfarofada. Com a carne do
carneiro faz-se o amalá, comida consagrada ao Orixá Xangô: A carne cozida e
desfiada é agregada ao molho com folhas de mostarda picada, servido com pirão de
farinha de mandioca. Os cabritos e porcos são assados e servidos em pedaços.
Faz-se também canjica de milho branca e amarela, além de uma grande variedade de
doces como: sagu, pudim, ambrosia, quindim, docinhos, etc… Para beber serve-se o
atã, bebida típica do Orixá Ogum, feita com frutas minusculamente cortadas,
misturadas com guaraná e xarope de groselha.Os miúdos dos quatro-pés é cozido e
picado de forma bem miúda para se fazer o sarrabulho, uma espécie de farofa
temperada com cheiro verde, cebola e os miúdos picados. As filhas de Iansã,
ajudadas por outros irmãos fazem o acarajé, comida consagrada ao seu Orixá de
cabeça. Havendo disponibilidade faz-se ainda os bolos que serão ofertados pela
ocasião do aniversário de assentamento dos Orixás.
A
preparação do toque segue com a arrumação do Quarto-de-santo que deve ter:
flores, perfumes, as comidas-de-santo, atã, pelo menos uma porção de cada comida
que está sendo feita para o povo, frutas, balas enroladas em papéis coloridos,
os bolos de aniversário. Além das inhélas e das vasilhas contendo as obrigações
e de outros fetiches religiosos. Há ainda a arrumação do salão, onde acontece o
toque, e das demais dependências do Ilê que depois da limpeza são organizadas
para melhor receber os convidados, Babalorixás e Yalorixás que juntamente com
seus filhos-de-santo vêm prestigiar a obrigação.
03.
O Mercado
Também
faz parte da preparação para o toque a confecção dos mercados que serão
distribuídos no final do Batuque.O significado e a explicação desta denominação
perdeu-se nos tempos, porém seu significado religioso continua forte.
Os
mercados são pacotes onde se colocam as comidas-de-santo para serem ofertados ás
visitas simbolizando a distribuição e a extensão do axé de prosperidade, fartura
e fraternidade a todos os lares e Ilês.
O axé obrigatoriamente deve ser dividido entre os que compareceram ao toque, principalmente quando o ebó é de quatro-pés. Cada Ilê acondiciona o mercado da maneira que lhe convém: em bandejas, em pacotes, em caixas de papelão, etc, porém o que não muda muito é o conteúdo do mercado.
O mercado deve conter: pedaços de carne de cabrito assada, frutas, bolo, axoxô (milho cozido, pertence á Obá), pipoca (pertence á Bará), batata doce frita em rodelas ou acarajé (pertence á Iansã), doces – quindim, docinhos, balas (pertence á Oxum), farofa de Xapanã (farinha de mandioca pilada com amendoim e açúcar). No final do toque também são distribuídos, bolos, carnes, frutas.
O axé obrigatoriamente deve ser dividido entre os que compareceram ao toque, principalmente quando o ebó é de quatro-pés. Cada Ilê acondiciona o mercado da maneira que lhe convém: em bandejas, em pacotes, em caixas de papelão, etc, porém o que não muda muito é o conteúdo do mercado.
O mercado deve conter: pedaços de carne de cabrito assada, frutas, bolo, axoxô (milho cozido, pertence á Obá), pipoca (pertence á Bará), batata doce frita em rodelas ou acarajé (pertence á Iansã), doces – quindim, docinhos, balas (pertence á Oxum), farofa de Xapanã (farinha de mandioca pilada com amendoim e açúcar). No final do toque também são distribuídos, bolos, carnes, frutas.
O
babalorixá, muitas vezes presenteia os Babalorixás e Yalorixás que estão de
visita com flores do Quarto-de-Santo, para que sejam colocadas em seus
Quarto-de-santo, como sinal de agradecimento pelo comparecimento no ebó. Caso
ainda sobre alguma comida ou fruta, deve ser doado a pessoas carentes ou
instituições de caridade.
04.
O Toque
O
toque geralmente inicia ás 23:00 horas, quando todos os filhos-de-santo devem
estar presentes e devidamente trajados de seus axós, para auxiliar o Babalorixá
ou Yalorixá a recepcionar os visitantes. O início do toque se dá com a chamada:
todos em silêncio, ajoelham-se, enquanto o Babalorixá em frente ao
Quarto-de-santo, tocando o adjá (espécie de sineta) saúda a todos os Orixás, de
Bará a Oxalá, fazendo pedidos de abertura, de paz, saúde e prosperidade a todos
os presentes. Os filhos-de-santo respondem com a saudação específica de cada
Orixá.
Os alabês (tamboreiros), “puxam” os erís, isto é tocam os tambores enquanto entoam os erís, para que os presentes respondam, e a roda se forma no centro do salão, movimentando-se no sentido anti-horário. Os erís têm coreografias adequadas a cada orixá ou a cada “passagem”, (relação da reza com alguma história daquele orixá), por exemplo: nos erís do Orixá Ogum ora dança-se simulando com as mãos o trabalho do ferreiro na forja, ora dança-se simulando a utilização de uma lança, relacionando com Ogum guerreiro.
Os alabês (tamboreiros), “puxam” os erís, isto é tocam os tambores enquanto entoam os erís, para que os presentes respondam, e a roda se forma no centro do salão, movimentando-se no sentido anti-horário. Os erís têm coreografias adequadas a cada orixá ou a cada “passagem”, (relação da reza com alguma história daquele orixá), por exemplo: nos erís do Orixá Ogum ora dança-se simulando com as mãos o trabalho do ferreiro na forja, ora dança-se simulando a utilização de uma lança, relacionando com Ogum guerreiro.
Todos
podem fazer parte da roda, adultos, crianças, iniciados e prontos, porém alguns
detalhes devem ser observados. Participam da roda pessoas que estejam de axó
(calça comprida para os homens, e no mínimo saia para as mulheres, desde que não
seja curta), mulheres em período menstrual não participam do Batuque, mas podem
auxiliar na manutenção, na limpeza e na recepção dos convidados. As pessoas que
estiverem de luto também não podem participar do ebó, ficando somente na
assistência.
Os
Orixás que “chegam” usam o centro da roda para dançarem e darem os seus axés,
com exceção dos orixás “velhos” que são encaminhados a sentarem-se nos
banquinhos a eles destinados. Os erís seguem a hierarquia dos Orixás, sendo de
responsabilidade do alabê a exatidão dos erís assim como a ordem dos
acontecimentos no decorrer do toque.
Acompanhe a seqüência de tais acontecimentos, segundo a Nação Jêge-Ijexá:
Acompanhe a seqüência de tais acontecimentos, segundo a Nação Jêge-Ijexá:
4.1.
Balança ou Roda-de-Prontos
Chama-se
balança ou cassum em homenagem a Xangô e também por conter o axé de todos os
orixás em equilíbrio. Há um intervalo na movimentação da roda e os presentes,
inclusive os orixás afastam-se do centro do salão, deixando espaço para a roda
da balança.
Só há balança quando há ebó de quatro-pés, que é constituída exclusivamente por pessoas prontas na religião, que já tenham feito ao menos bori de quatro-pés, no mínimo 06 pessoas (conta de Xangô) podendo ser em número múltiplo de 06: 12, 18, 24, 32. Caso o número de prontos seja excedente, por ser feito mais de uma balança, aí então costuma-se fazer uma balança com pessoas de orixá de frente e uma balança com o povo de praia. Os participantes colocados lado a lado, formando uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo do tambor que vai gradualmente aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de ocupações ao mesmo tempo, sendo somente de orixás jovens (Oxum, Iemanjá e Oxalá velhos só podem chegar depois do início dos erís de Oxum). Ao terminar a balança os Orixás cumprem o fundamento: Vão ao Quarto-de-santo, depois até a porta da rua para cumprimentar os orixás da rua e depois dançam ao som do Alujá de Xangô e do Alujá de Iansã, erís destinados unicamente pelos orixás de frente.
Só há balança quando há ebó de quatro-pés, que é constituída exclusivamente por pessoas prontas na religião, que já tenham feito ao menos bori de quatro-pés, no mínimo 06 pessoas (conta de Xangô) podendo ser em número múltiplo de 06: 12, 18, 24, 32. Caso o número de prontos seja excedente, por ser feito mais de uma balança, aí então costuma-se fazer uma balança com pessoas de orixá de frente e uma balança com o povo de praia. Os participantes colocados lado a lado, formando uma roda de mãos dadas, dançam ao ritmo do tambor que vai gradualmente aumentando de intensidade. É quando ocorre o maior número de ocupações ao mesmo tempo, sendo somente de orixás jovens (Oxum, Iemanjá e Oxalá velhos só podem chegar depois do início dos erís de Oxum). Ao terminar a balança os Orixás cumprem o fundamento: Vão ao Quarto-de-santo, depois até a porta da rua para cumprimentar os orixás da rua e depois dançam ao som do Alujá de Xangô e do Alujá de Iansã, erís destinados unicamente pelos orixás de frente.
Há
a crença de que a balança não pode ser aberta, isto é, as pessoas devem
permanecer de mãos dadas até que se inicie o alujá, caso a balança arrebente
algo de grave pode acontecer por dos participantes da balança, podendo até ser a
morte. Mas caso haja alguma ameaça de arrebentar a Balança, cabe ao alabê, mudar
imediatamente o axé indo direto para a execução do Alujá de Xangô. Por causa
desta crença, muitas pessoas esquivam-se de participar da Balança, porém é uma
obrigação muito forte onde se confirma que o ebó que está sendo realizado é de
quatro-pés, o axé que emana no salão durante a balança é algo muito forte,
sentido por todos os presentes.
4.2
Alujá de Xangô e Alujá de Iansã
Logo
após a Balança os Orixás que estão no “mundo” dançam o Alujá do Xangô e o Alujá
de Iansã, respectivamente, ritmos do tambor, característicos destes Orixás. Os
orixás jovens dançam em frente ao “pagodô” local mais elevado (espécie de palco)
onde ficam os alabês. Durante o alujá é contagiante o axé e a empolgação com que
os orixás dançam, proporcionando um momento de rara beleza.
4.3 A Saída do Ecó
4.3 A Saída do Ecó
Terminado
os Erís de Obá é hora da Saída do Ecó, que nada mais é do que o despacho do axé
de Bará, e do ecó de Bará Lanã e do Bará Lodê (alguidar com água, farinha de
mandioca e gotas de epô – azeite de dendê) e do ecó de Oxum (Vasilha de vidro
com farinha de milho, água, mel e perfume e flores).
A
saída do ecó simboliza a saída de toda a negatividade que existe no ambiente e
nas pessoas presentes prepara o ambiente para os erís dos Orixás de praia, que
tem um toque mais brando. Enquanto sai o ecó, os alabês continuam puxando os
erís, só que agora puxam os erís dos orixás da rua – Bará Lodê, Ogum Avagã e
Iansã Timboá – não há movimento da roda e a assistência evita olhar para o que
está acontecendo, virando para a parede. Diz a crença que quem olhar a saída do
ecó atrai para si a negatividade ali contida.
4.4
Roda de Ibedji
No
Batuque de Quatro-pés há a roda de Ibedjis, no Gêge-Ijexá ela acontece durante
os erís de Oxum. É o momento em que as crianças participam da obrigação e as
mulheres que pretendem a maternidade ou que estão grávidas fazem os seus pedidos
e agradecimentos. Os orixás, principalmente Oxum e Xangô, distribuem aos que
estão na roda e na assistência, as frutas, os doces – quindins, merengues,
cocadas, bolos – que estão no Quarto-de-santo.
4.5
Axé dos Perfumes
Sendo
Oxum a deusa da beleza adora perfumes, espelhos, em seus erís há um momento
especial em as Oxuns que estão no mundo recebem vidros de perfumes, leques e
espelhos. Dançam felizes, empunhando seus leques e espelhos enquanto outras se
banham com perfume e distribuem um axé perfumado as pessoas que estão na roda e
na assistência. Este axé faz uma referência sobre a “passagem” em que Oxum está
no rio banhando-se, num ritual de beleza e encantamento.
4.6
Axés dos Presentes
Geralmente
acontece quase no final do Batuque, os orixás que estão aniversariando
“apresentam” seus bolos, tantos os orixás quanto os filhos-de-santo que não se
ocupam, mostram a todos o seu bolo com a vela acesa (correspondente aos anos de
assentamento do orixá), enquanto são saudados pelos presentes. Depois os bolo
são servidos aos convidados e o excedente é distribuído juntamente com os
mercados.
São de costume também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou Yalorixá por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são: flores, perfumes, doces, utensílios que podem ser usados no dia-a-dia Ilê, etc. É neste momento que o Babalorixá ou o próprio Orixá apresenta á todos o presente recebido.
São de costume também, os convidados ofertarem presentes ao Orixá do Babalorixá ou Yalorixá por ocasião de seu aniversário de aprontamento. Os presentes mais comuns são: flores, perfumes, doces, utensílios que podem ser usados no dia-a-dia Ilê, etc. É neste momento que o Babalorixá ou o próprio Orixá apresenta á todos o presente recebido.
4.7
O Axé do Alá de Oxalá
Pertence
aos erís do Oxalá o axé do Alá. Em determinado momento, os filhos-de-santo com
estatura mais elevada suspendem ao alto um grande Alá branco. Enquanto a roda e
os erís continuam, todos passam por baixo do Alá pedindo ao orixá do branco a
paz e a proteção
4.8
O Aforiba ou a Dança do Atã
O
aforiba é o momento em que Ogum e Iansã demonstram a passagem em que Iansã
embebeda Ogum para fugir com Xangô. O Babalorixá convida um Ogum e uma Iansã
para fazerem o Aforiba, então ela coloca no centro do salão duas garrafas
contendo atã (aforiba) e as armas pertencentes a estes orixás (espadas). Iansã
toma as garrafas e oferece á Ogum que logo se embebeda, mas em seguida Ogum
volta a si e vai atrás de Iansã empunhando sua espada. Os dois lutam, mas Iansã
consegue acalmar Ogum e os dois reconciliam-se e voltam a dançar juntos.
Tendo
um Xangô no mundo poderá vir ele fazer parte do Aforiba. Xangô vem em defesa de
Iansã e com seu machado de dois gumes entra na luta com Ogum. Aí então, Iansã
acalma os dois Orixás.
4.9
Os Axêres
Conforme
o Batuque vai acontecendo, os orixás chegam (ocupam-se da consciência e do corpo
de seus filhos) e fazem o fundamento da religião, conforme o ensinamento do
Babalorixá e da Yalorixá. Feita a obrigação os Orixás “sobem”, vão embora. Os
orixás são despachados, geralmente por filhos-de-santo mais antigos e
experientes do Ilê, porém eles ficam em “axêre” ou “axêro” (No Candomblé são
chamados de Erês), estado intermediário entre a ocupação do orixá e da pessoa
propriamente dita. Os axêres agem como crianças, tomam refrigerante e adoram
fazer brincadeiras com as pessoas, pois seu linguajar é confuso, trocam as
expressões como, por exemplo: “tigue” (tigre) quer dizer carro, “confeitaria”
quer dizer bolo, “pouco” quer dizer muito, “feinho” quer dizer bonito, e assim
por diante. È um momento de descontração, porém deve ser mantido o respeito,
pois apesar de fazerem brincadeiras, os axêres ainda conservam a essência do
orixá.
4.10
A Levantação da Obrigação
Terminada
o período em que a obrigação deve ficar arriada, há a levantação, termo que se
refere ao ato de levantar as vasilhas contendo as obrigações de corte que
estavam arriadas, limpa-las e guarda-las nas prateleiras dentro do
Quarto-de-santo. Mantendo um costume desde o tempo dos escravos, as obrigações
são guardadas no Quarto-de-santo e ocultas por cortinas que geralmente tem á sua
frente imagens católicas que se referem ao sincretismo religioso, assim como
velas, castiçais, comidas de santo, flores e outros objetos sagrados
pertencentes aos Orixás.
05.
O Peixe
A
obrigação do peixe é feita pela manhã bem cedinho, e só ocorre em festas
grandes, com quatro-pés. Alguém encarregado deve ir ao rio ou ao mercado público
e trazer peixes ainda vivos para serem imolados aos Orixás, de Bará á Oxalá, por
isso não pode ser uma quantidade muito pequena. Os orixás de frente recebem
pintado como obrigação e os Orixás de praia recebem jundiá. No Quarto-de-santo
são imolados ao menos um peixe para cada orixá e a ele é destinado: a cabeça, as
barbatanas, a cauda e um pouco de axorô (sangue). A carne dos peixes imolados é
servida com pirão (ebó) no almoço e deve ser consumida pelos presos (filhos que
estão de Obrigação) e pelos que estão na casa, pois o ebó de peixe simboliza
fartura e prosperidade.
Uma quantidade maior de peixes é preparada frita para ser servida ao povo que comparecer ao batuque de encerramento ou no Toque do Peixe – toque realizado na noite do corte do peixe, porém com duração mais curta quando serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das comidas dos orixás.
Uma quantidade maior de peixes é preparada frita para ser servida ao povo que comparecer ao batuque de encerramento ou no Toque do Peixe – toque realizado na noite do corte do peixe, porém com duração mais curta quando serão consumidos o ebó do peixe e peixes fritos, além das comidas dos orixás.
06.
Mesa de Ibedji
A
obrigação da Mesa de Ibedji é feita no Batuque de Encerramento e nas ocasiões em
que o Babalorixá ou Yalorixá acharem necessárias. É realizada no início da noite
e antecede o Batuque de Encerramento. Dela participam crianças de zero á doze
anos, além de mulheres grávidas, ou que queiram engravidar. São “tirados” erís
de Bará, de Xangô e Oxum (que representam os Ibedji) e dos orixás velhos. A Mesa
de Ibedji é riquíssima de detalhes e constitui uma obrigação religiosa com muito
axé e beleza. Significa agradar e reverenciar aos orixás das crianças que
simbolizam pureza, paz e prosperidade.
Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se 01 gamela de frutas, 01 gamela contendo amalá, flores, 01 quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianças participam em grupos de 06, 12…(números múltiplos de 06, a “conta” de Xangô), sentam-se ao redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianças: primeiramente canja de galinha, depois os doces e refrigerante. Após terem comido o que foi servido, são dados ás crianças uma colher de mel e um gole de água. Depois são lavadas e enxugadas as mãos das crianças. Terminadas estas etapas as crianças são levantadas da mesa por pessoas adultas ou por orixás que tenham “chegado” na mesa e conduzidos a formarem uma roda ao som de erís de Xangô. São feitas quantas mesas forem necessárias para que todas as crianças presentes participem da Obrigação.
Uma grande toalha branca é colocada ao chão e nela colocam-se 01 gamela de frutas, 01 gamela contendo amalá, flores, 01 quartinha, brinquedinhos, bolo, doces e refrigerantes. As crianças participam em grupos de 06, 12…(números múltiplos de 06, a “conta” de Xangô), sentam-se ao redor da toalha, as menores acompanhadas por um adulto. Servem-se para as crianças: primeiramente canja de galinha, depois os doces e refrigerante. Após terem comido o que foi servido, são dados ás crianças uma colher de mel e um gole de água. Depois são lavadas e enxugadas as mãos das crianças. Terminadas estas etapas as crianças são levantadas da mesa por pessoas adultas ou por orixás que tenham “chegado” na mesa e conduzidos a formarem uma roda ao som de erís de Xangô. São feitas quantas mesas forem necessárias para que todas as crianças presentes participem da Obrigação.
Encerrada
a Mesa de Ibedji, os Orixás que chegaram durante e a Mesa de Ibedji, recolhem os
itens que ainda restam na mesa e levam até o Quarto-de-santo. Os brinquedos são
distribuídos entre as crianças que participaram da Mesa.
07.
Toque de Encerramento
É
o toque que encerra as atividades públicas do Batuque Grande. Tem uma proporção
um pouco menor do que o primeiro toque, pois é antecedido pelo corte do peixe e
do corte de confirmação, quando são imoladas somente aves aos orixás.A cor dos
axós é preferencialmente o branco e pode acontecer a Mesa de Ibedji antes do
início do toque. É nesta noite que serão dados os axés de Obés e Ifá. Entre os
alimentos servidos aos convidados prevalecem os doces, além da canja, da canjica
e do amalá (este feito com carne de peito de gado). Seguido do toque, no dia
posterior há a levantação da obrigação do corte de confirmação.
08.
O Passeio
O
término da obrigação para os filhos-de-santo que estão presos por motivo de seu
aprontamento ou por obrigação de Bori é o Passeio no dia posterior á Levantação,
pela manhã, antes, porém o Babalorixá ou Yalorixá leva os presos até a porta da
frente do Ilê e apresenta-os à rua (aos Orixás da Rua), liberando-os para saírem
fora dos limites do Ilê.
É
comum no centro de Porto Alegre reconhecermos um grupo de presos passeando
juntamente com seu Babalorixá ou Yalorixá . Saindo do Ilê vão até o centro
visitar lugares de grande significado para a comunidade batuqueira: A Igreja do
Rosário construída com o trabalho do negro escravo (antiga irmandade de negros)
, o Mercado Público – lá compram cereais, grãos, e velas -, o Rio Guaíba ( que
banha a cidade) – lá reverenciam Oxum e jogam moedas ao rio pedido prosperidade
e fartura. Em seguida, vão visitar algum Ilê conhecido onde “batem cabeça”
cumprimentando os Orixás do Ilê e lá depositam parte das compras feitas no
mercado. De volta ao Ilê, batem cabeça no Quarto-de-santo e arriam o restante
das compras feitas. Cumprimentam o Babalorixá ou Yalorixá na nova condição de
Filho-de-santo pronto, ou borido (conforme a obrigação
realizada).
Paz Amor e Harmonia
Emidio de Ogum
http://espadadeogum.blogspot.com
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